Para você, o que representa o rio da sua cidade?

A água, esse recurso indispensável para a vida no planeta Terra tem sido fundamental para o progresso da humanidade ao longo dos séculos. Um fato inegável é que a maior parte das cidades foram construídas as margens dos rios justamente para aproveitar de suas águas para as mais diversas atividades, principalmente o abastecimento público. A rica hidrografia da região onde se encontra a atual capital, Goiânia, foi decisiva, já que a até então capital, Cidade de Goiás, sofria com as escassas e distantes fontes hídricas. O fato é que nos tempos remotos estabeleceu-se uma cultura de jogar as águas servidas dentro dos rios com a falsa ideia de que eles não sentiriam os impactos de tal ato.

O problema é que as cidades cresceram e a quantidade de esgoto também. A vazão do rio não foi suficiente para depurar as águas servidas e o que se vê atualmente na maior parte das cidades brasileiras são grandes valões de esgoto, um fluxo de águas cinzas escuras e de odor forte, com pouca ou nenhuma diversidade de vida, a não ser de bactérias anaeróbias ou facultativas que inundam o ar de nossas cidades com um nauseante cheiro de ovo podre. Mesmo em cidades que tem as estações de tratamento de esgoto, existem problemas de esgotos clandestinos, ou nem sempre a coleta atinge todo o município, ou a ETE tem um nível de tratamento que garanta eficiência no efluente tratado que é lançado no corpo d’água.

Juntam-se aos esgotos outros problemas como um fluxo intenso de águas para o interior do rio, pela indiscriminada impermeabilização das cidades, com o consequente aumento das erosões e assoreamento, criando um ciclo vicioso de destruição do rio que avança sem obstáculos. Para conter esses avanços lança-se mão de obras de retificação e canalização do leito do rio que acabam por serem ainda mais danosas tanto ao rio quanto ao próprio ambiente da cidade, gerando a curto prazo a quase extinção da fauna ainda presente e a médio e longo prazo problemas crônicos de enchentes.

O resíduo sólido também é um problema que assola o meio ambiente hídrico da cidade. Seja pela falta de consciência da população ou pela inépcia do poder público, vemos nosso rios se tornarem uma grande lata de lixo, com resíduos que vão desde sacolas, tampas de garrafa, cotonetes até sofás ou automóveis inteiros. As matas ciliares nesses ambientes passaram a ter inclusive uma nova e importante função,a de reter nos galhos e nas raízes expostas das árvores muitos resíduos, principalmente sacolas, garrafas e isopores.

No ambiente rural a situação também não é tão mais confortável. O uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras, o desmatamento das matas ciliares, o pisoteio do gado nas margens também geram consequências nefastas para todo o ecossistema.

Para finalizar, as Estação de tratamento de água, as famosas ETAs, não conseguem retirar todas as toxinas, agrotóxicos ou metais pesado da água que bebemos,sempre deixando resquícios, mesmo que as autoridades dizem ser em doses seguras, e por isso estamos nos envenenando pouco a pouco, sob risco de uma epidemia de câncer, comprometendo gerações futuras e a própria sobrevivência da espécie.

Se água é vida e dependemos de forma quase indispensável dos rios, o que podemos dar de retorno é só destruição? Já passou da hora de mudarmos nossas relação com rios e córregos, sejam nas cidades ou no campo. Que esse 24 de Novembro seja de reflexão e conscientização!